Quantas vezes já lemos sobre os fantásticos benefícios ou colossais perigos de um alimento ou prática de saúde? Já paramos para pensar que essas matérias podem simplesmente estarem erradas?  A Vox fez uma matéria bem interessante mostrando quais são as principais dificuldades que cientistas enfrentam no trabalho atualmente. Entre os sete maiores problemas está o fato de que a ciência não é bem comunicada ao grande público.

“O jornalismo científico é frequentemente cheio de afirmações exageradas, conflitantes ou simplesmente enganosas”, diz o texto. As principais razões para isso são duas: erros de tradução e erros de intenção.

Acontecem os casos nos quais os jornalistas falham em traduzir as informações científicas para o leitor leigo. É preciso interpretar, resumir e simplificar os dados na hora de escrever o texto. Se o entendimento do repórter não for correto, a divulgação também não será. Já li sobre as dificuldades do outro lado também. Sobre como alguns cientistas têm dificuldade em comunicar para jornalistas os detalhes e a importância dos temas pesquisados. Isso, claro, gera problemas lá na frente.

Mas este é um obstáculo normal para o jornalista sério.

A segunda razão pelo qual a divulgação científica está falhando é mais complicada. A leviandade ou até má fé mesmo. Um título do tipo “tal alimento causa câncer” gera muito mais repercussão do que uma matéria mais moderada e balanceada sobre os andamentos de estudo que mostra a relação de tal elemento químico, com certas células, em um grupo de amostras, etc…

Outro problema, aponta a pesquisa da Vox com os cientistas, é a fato de termos leigos e celebridades falando sobre ciência. Propagando os benefícios disso ou daquilo, demonizando uma coisa ou outra, pregando as soluções tais e tais. Tudo sem qualquer embasamento realmente científico.

Temas de saúde e nutrição parecem ser os que mais se multiplicam com falhas. Quantas vezes já lemos sobre um alimento salvador? Quantas vezes já não vimos informações “inflacionadas” sobre os benefícios de uma nova forma de se exercitar? E quantas vezes essas informações não acabaram sendo retificadas ou até desditas com o tempo?

Para denunciar a impressa sensacionalista e alertar os leitores para não embarcarem nessa onda alarmista confusa, foi criado o Kill or Cure. O site mostra que alimentos matam ou curam o consumidor, ou os dois ao mesmo tempo, de acordo com o jornal inglês Daily Mail. Claro que é uma grande piada. A ideia é mostrar como essa publicação divulga informações contraditórias e levam o leitor a erro. Mas a lista é incrivelmente longa.

(Imagem: Vox)

 

3 respostas para “Este post pode causar câncer (Ou não. Ou sim)”

  1. O repórter também é um leitor leigo. Mesmo que ele atue na área científica não terá o conhecimento necessário. Penso que ele deveria ter um suporte mais adequado, feito pela comunidade científica. Alguém que explicasse a ele, com palavras e exemplos simples, o que é, para que serve, qual o impacto daquilo que está sendo estudado. Essa parte do entendimento estaria resolvida. Suponho. A outra parte, aquela referente à necessidade de vender o veículo (jornal, revista…) de qualquer jeito seria mais difícil porque o repórter fica sob as ordens do dono que pode não ser ético, como deveria.

    1. O repórter tem a obrigação de se especializar minimamente na área que cobre. Então o jornalista que trabalha com divulgação científica tem que ter conhecimento sobre aquele assunto sim. O trabalho dele é ler, pesquisar, perguntar, perguntar, perguntar. Exatamente para entender o tema e entregar essa informação organizada para o leitor. Mas acho que o problema está na necessidade de transformar a divulgação científica em algo vendável. Aí, se não houver critérios, ou até ética mesmo, o negócio pode descambar para o sensacionalismo.

  2. O repórter também é um leitor leigo. Mesmo que ele atue na área científica não terá o conhecimento necessário. Penso que ele deveria ter um suporte mais adequado, feito pela comunidade científica. Alguém que explicasse a ele, com palavras e exemplos simples, o que é, para que serve, qual o impacto daquilo que está sendo estudado. Essa parte do entendimento estaria resolvida. Suponho. A outra parte, aquela referente à necessidade de vender o veículo (jornal, revista…) de qualquer jeito seria mais difícil porque o repórter fica sob as ordens do dono que pode não ser ético, como deveria.

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