Crianças usando o celular na sala de aula, pode ou não pode? Fazer a tarefa de casa em frente ao computador ajuda ou atrapalha o aprendizado? Estudar com ebooks é melhor ou pior para o entendimento da criança? A discussão sobre as melhores formas de aplicar as tecnologias como aliadas na educação de crianças e adolescentes é uma constante no dia a dia de pais e professores.  Pesquisadores de ciências cognitivas e tecnologia educacional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) estudaram o tema e publicam, esse mês, o livro Cultura Digital na Escola: habilidades, experiências e nova práticas. Na obra, os autores oferecem conteúdos para estimular educadores a discutir e implantar a inovação na sala de aula.

A tecnologia não é a inimiga
 
Há quem enxergue os gadgets como vilões em sala de aula. Até mesmo as crianças menores já estão levando celular para a escola e o professor nem sempre está munido de técnicas e ferramentas para combinar a abordagem “tradicional” com tanta tecnologia. O livro, assinado pelos pesquisadores, Alex Sandro Gomes, Pasqueline Dantas Scaico, Lays Rosiene Alves da Silva e Ivson Henrique Bezerra dos Santos, quer suavizar esta dualidade. Não há vilões. A obra pretende promover um diálogo menos conflituoso entre os paradigmas conservador e inovador
 
Abordagens sobre a tecnologia em sala de aula
 
Um das abordagens mais discutidas recentemente quando o assunto é tecnologia na educação e a da Sala de Aula Invertida. Nesse modelo, os alunos estudam o conteúdo em casa, por meio de videoaulas ou outros recursos interativos, e na sala de aula são postos em prática exercícios e atividades em grupo em que o professor aprofunda o tema participando ativamente e estimulando discussões. Para os pesquisadores, essa abordagem é um bom exemplo de como unir os modelos tradicionais e inovadores de uma forma eficaz.
 
Outro exemplo que desmistifica a complexidade no uso das tecnologias aplicadas à educação é o modelo de Ensino Híbrido que mistura momentos em que há uso da tecnologia digital, geralmente online, com situações nas quais a tecnologia digital não está presente. Nesse último caso os professores propõem atividades que valorizam as interações interpessoais face a face.
 
O livro apresenta um capítulo inteiro dedicado ao planejamento detalhado de novas práticas em que são utilizados diferentes materiais, sejam eles tecnologias digitais ou não, a exemplo das redes sociais, RPG, filmes, jogos e desenhos. São seis modelos de cenários de aprendizagem prontos para serem postos em prática ou servir como inspiração para os docentes.

Essa discussão já é velha, sabiam?
 
Os pesquisadores acreditam que o diálogo entre os dois modelos apresenta os melhores resultados pedagógicos. Para o grupo, está claro que a tecnologia vem para somar e não para desvalidar abordagens anteriores até porque, essa discussão é bem mais velha do que a gente imagina. Bem mais mesmo. No livro, os estudiosos mostram casos entre os séculos XVI e XVII, nos quais materiais educativos considerados tecnológicos já eram utilizados no ensino da Geometria. A tecnologia, digital ou não, seria então uma ferramenta de estímulo que pode garantir bons resultados tanto na aprendizagem dos alunos, dentro e fora da sala de aula, quanto nas práticas pedagógicas dos docentes que, ao conhecer e utilizar a tecnologia, são capazes de construir novos e múltiplos cenários de aprendizagem para seus alunos e para si.

Série Professor Criativo

O livro Cultura Digital na Escola inaugura a Série Professor Criativo: construindo cenários de aprendizagem. A coleção é resultado da parceria do grupo de pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco, do Abble Estúdio de Aprendizagem e da Pipa Comunicação.

O livro Cultura Digital na Escola está disponível aqui. A edição digital custa R$ 9,90. A edição impressa está disponível aqui por R$ 34,90, com frete gratuito para todo o Brasil.

[Artigo publicado originalmente no Digaí]

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