Os bordões do Choque de Cultura já viraram parte do nosso jeito cotidiano de falar. Eu não sei mais argumentar sem antes dizer “nem existe isso, ouve o que você está falando”. Mas você já reparou como as discussões dos grandes nomes do transporte alternativo são inúteis? Eles se exaltam, brigam, e nunca chegam a conclusão nenhuma. Na comédia, isso é ótimo. Na vida real, não. O problema é que tem gente conversando igual a eles sem perceber que isso pode ser prejudicial para a comunicação.
Nesse caso, o calo não são os bordões, mas a forma como eles dialogam. Rogerinho, Maurílio, Julinho e Renan, na verdade, não conversam, eles só jogam opiniões no ar. Eles até parecem concordar ou, na maioria das vezes, discordar. Mas eles não estão nem trocando opiniões. A frase de um não se relaciona com o do outro, e assim sucessivamente. Já reparou?
Eu não tinha parado para pensar nisso até ver essa entrevista no qual Caito Mainier, que interpreta Rogerinho do Ingá, conta que Pedro Leite, roteirista do programa, destacou isso. “Ele [Pedro Leite] falou que os personagens não debatem entre si, eles falam máximas e verdades meio que paralelas. Ninguém está ouvindo um ao outro. “Ah é, concordo contigo”. Não. Ele [aponta para Raul Chequer que faz Maurílio] fala uma coisa e Julinho fala outra e o outro fala outra”.
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