Um papo agradável e engrandecedor tem doses proporcionais de atenção, vulnerabilidade e coragem dos dois lados. Para o filósofo Roman Krznaric, um especialista em empatia, seis atitudes tornam uma conversa algo realmente relevante:

  • Curiosidade pelo outro

  • Escuta radical

  • Retirada da própria máscara

  • Preocupação com o outro

  • Espírito criativo

  • Pura coragem

Juntar todas elas de uma vez só é bem difícil. Quantas vezes não estávamos genuinamente interessado na história do outro mas escondíamos a nossa. Quanta vezes não já falamos sem parar e esquecemos de dar uma chance para o outro contar seu ponto de vista?

Às vezes falhamos por falta de atenção mas, e quando não nos abrimos ao diálogo por proteção? Não à toa, um dos itens é “pura coragem”. Vamos a eles:

Curiosidade por estranhos

“Na prática, isso significa entrar no mundo e conversar com estranhos, concentrando-se não em trivialidades como o tempo e os esportes, mas em temas importantes como as prioridades na vida, as ideias, esperanças e sonhos. Isso significa não excluir ninguém: todas as pessoas (…) podem ser um interlocutor singular se você conseguir encontrar uma maneira gentil de ter acesso à sua alma. Significa ouvir o outro com muita atenção, sem interromper seus pensamentos a todo instante, e ter a confiança de deixá-lo parar e refletir sem nos afobar para preencher cada silêncio”.

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Escuta radical

“Algumas pessoas tendem a se tornar combativas quando uma discussão fica tensa ou acalorada, ao passo que outros se apressam em trocar e disseminar o sentimento de culpa. (…) Uma das habilidades mais úteis para superar esses obstáculos é ouvir. (…) Mas como deveríamos ouvir? (…) Envolve o esvaziamento de nossas faculdades e a escuta da outra pessoa com todo o nosso ser, abandonando ideias preconceituosas e julgamentos sobre ela”.

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Retirada da própria máscara

“Com frequência, agimos como os foliões do carnaval de Veneza, ocultando nossas identidades por trás de uma máscara. Contemos nossas emoções, escondemos nossos medos e mantemos nossas ansiedades soterradas dentro de nós. Mas relações empáticas não podem se desenvolver a menos que nos revelemos e procuremos conexão. A empatia baseia-se na troca: se nos abrirmos com o outro, é muito mais provável que eles façam o mesmo conosco”.

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Preocupação com o outro

“É bem possível que você mostre disposição para tirar a máscara ou para ser um excelente ouvinte, mas ainda assim adote uma abordagem autocentrada e utilitária em relação à conversa, pondo seus interesses pessoas à frente dos de qualquer outra pessoa. Talvez enxergue a comunicação como uma maneira de obter o que quer, de atender às próprias necessidades emocionais (…) É por isso que pessoas extremamente empáticas levam uma atitude de preocupação com o outro para as conversações e se esforçam para se concentrar nos interesses e no bem-estar dele, não apenas nos próprios”.

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Espírito criativo

“Em sua melhor forma, a conversação é uma espécie de aventura. Como a ideia do diálogo socrático, se você reunir duas pessoas com pontos de vista diferentes, esse encontro poderá gerar algo novo e inesperado”. Como descreve Theodore Zeldin:

“Quando mentes se encontram, elas não trocam fatos apenas: elas os transformam, os reformulam, extraem deles diferentes implicações (…) A conversa não embaralha as cartas apenas, ela cria novas cartas”.

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Pura coragem

“Precisamos de coragem para experimentar novas aberturas, por os interesses das outras pessoas à frente dos nossos, tirar as nossas máscaras, se dispor a ouvir, com sensibilidade, sobre sentimentos e necessidades das pessoas e exercer nossa curiosidade por estranhos. Além disso, a coragem nos permite ter aquelas conversas realmente difíceis que gostaríamos bem mais de evitar, mas que podem oferecer maior campo para acimentar ligações empáticas”.

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2 respostas para “6 atitudes que você precisa adotar para ter uma boa conversa”

  1. Adorei o post, Suzana! O Roman Krznaric parece abordar as conversas de um jeito bem orgânico. Quando pego textos sobre conversas, geralmente a abordagem inclui uns hacks ao estilo de "o corpo fala", que me parecem não contribuir para uma verdadeira conversa, mas sim para uma encenação, que é enganação em certa medida. Você pegou essas informações no site dele ou por um livro?

    1. Avatar de suzana valenca
      suzana valenca

      Obrigada, que bom que você gostou. Não tinha pensado nisso, mas de fato ele fala de uma forma bem orgânica mesmo. Ele não aborda "truques" de comunicação, mas sim, o que precisa ser feito de dentro para fora. Não adianta nada entender a linguagem do "corpo fala" se as motivações da conversa, por exemplo, não forem empáticas. Há quem use essa "encenação" mesmo, como você falou. Eu peguei as informações no livro O Poder da Empatia. Recomendo bastante a leitura.

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