Eu acho que não, mas tenho um “porém”.

Esses dias, Moita, do Canal Heavy Talk, perguntou aos seguidores dele no Instagram o que achávamos da postura de Phil Anselmo e se pensávamos que ele deveria ser “cancelado”.

Para quem não sabe, “cancelar” é a gíria da internet para quando alguma celebridade que a gente gosta faz alguma bobagem. Os fãs “cancelam” a pessoa como forma de mostrar descontentamento, discordância e para mostrar que deixaram de gostar do artista. Acontece que até há também uma discussão online sobre os limites do cancelamento. Qual até onde vai o protesto válido e onde começa o linchamento virtual injusto?

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Na conversa com os seguidores, Moita também quis saber como e se separávamos artista e obra. É o caso de Phil Anselmo para muita gente. Músico lendário, ele mais de uma vez deu declarações que os fãs consideraram racistas. Ele sempre negou ou desconversou e continua fazendo sucesso por aí. 

Eu já deixei de gostar de figuras públicas que eu admirava, Giba da seleção de vôlei é um exemplo. Entretanto, tenho receio de que a cultura do cancelamento nos leve a uma postura “ou tudo ou nada” que não é sadia. À pergunta de Moita sobre Ancelmo eu respondi que não achava legal cancelar pessoas, mas que devíamos sim, cancelar ideias. Racismo, assim como homofobia e machismo são pensamentos que já deveriam ter sido “cancelados” há muito tempo. Eu disse também que percebia uma falha no meu próprio raciocínio. Algumas pessoas concordaram comigo lá no Heavy Talk então, quero compartilhar minha posição por aqui e saber o que você acha. Eu postei:

“Sou a favor de cancelar “ideias” e não pessoas. Racismo é uma ideia que já deveria ter sido cancelada. O problema é que algumas pessoas se agarram na ideia de um jeito que não dá para cancelar um sem levar o outro junto. Anselmo já “brincou” de racismo muitas vezes, tá pedindo pra ser cancelado mesmo”

E você, separa pessoa da obra? Dá para continuar gostando de um cantor / ator / atleta racista? Acha que dá para voltar a curtir uma celebridade que pediu desculpas por alguma declaração ruim?

Foto:  Siora Photography e Lubo Minar no Unsplash

(OBS: Depois de editar este post fiquei me perguntando se estaríamos tendo essa mesma discussão se os “infratores” fossem mulheres. Acho que ainda somos muito mais lenientes com homens)

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4 respostas para “É legal cancelar pessoas?”

  1. Acho que é bem por aí mesmo. Não são as pessoas, são as ideias, mas pessoas são constituídas por suas idéias e ideais…Daí que é praticamente um combo quando as ideias seguem grudadas com superbonder…

    1. Tem algumas ideias que parecem grudadas com superbonder mesmo! Aí fica difícil separar o pensamento da pessoa. Eu acho interessante cancelar ideias porque abre-se espaço para o "infrator" repensar, voltar atrás, corrigir. Se ele não está interessado em nada disso, aí complica.

  2. Concordo sobre cancelar ideias e não pessoas. Acredito que o cancelamento da pessoa leva a uma ideia de que não somos passíveis de mudanças. Como a gente mesmo já foi anos atrás? Todos podem amadurecer e refletir e melhorar. Mas, isso não elimina os seres que decidem que estão sempre certos e que não refletem, neste caso vale ignorar, cancelar me parece muito pesado. Já deixei de gostar de artistas e grandes nomes por ideias, alguns ainda consumo (tipo Woody Allen) e outros não dá mais (Johnny Depp, por exemplo, e Giba também).As mulheres: nunca precisamos dessa cultura, somos canceladas há tempos e por deslizes mínimos.

    1. Avatar de suzana valenca
      suzana valenca

      É isso, Gabi! Exatamente o que eu penso. Vamos dar a oportunidade das pessoas mudarem e cancelar ideias que não têm mais espaço num mundo democrático, livre e plural. Obrigada pelo seu comentário.

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