O nosso olhar pode focar em diferentes objetos, com variadas intensidades. O que focamos determina aonde vamos, com que sentimento e porquê. Então, é importante pensar sobre onde colocamos nossa atenção.

Olhar para as estrelas

Dia desses, meu amigo Sérgio Mendonça enviou uma de suas ótimas newsletters. Naquela edição ele falou sobre olhar. Ele contou a história do astrônomo Robert William que, em 1995, teve uma ideia meio maluca. O que será que aconteceria se ele apontasse as poderosas lentes do telescópio Hubble para… o nada? 

Em um literal ajuste de foco, William acabou descobrindo e fotografando um ponto no espaço que ficou, depois, conhecido como Hubble Deep Field. Lá, mais de 3 mil galáxias e estrelas foram identificadas.

Não é incrível?

Olhar para o que está mais perto

Por coincidência, no dia que li a news de Sérgio, eu estava lendo sobre um cara chamado Antonie van Leeuwenhoek e a história dele era também sobre onde focamos nosso olhar.

Você já tinha ouvido falar nele? Eu não. Pois bem. Aprendi que Leeuwenhoek não era cientista mas, de forma amadora, acabou fazendo importantes descobertas. O passatempo dele era brincar com lentes e microscópios, lá no final dos anos 1600. Leeuwenhoek tinha um trabalho chato que o deixava com muito tempo livre.  

A diversão dele era tacar coisas estranhas sob as lentes só pra ver no que é que dava. Da mesma forma que os cientistas resolveram focar o Hubble no “vazio”, Leeuwenhoek resolveu focar no que ninguém dava importância. Ele examinou gotas de água, amostra de um lago próximo, sangue, fezes e sêmen, por exemplo. 

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Naquela época, se achava que o menor organismo vivo existente era a pulga. Nas observações, ele acabou descobrindo os até então desconhecidos micro-organismos. Com o tempo, ele aperfeiçoou as lentes e continuou registrando achados. Ele identificou o que seria, mais tarde, entendido como o espermatozóide e as bactérias! 

Há ainda um detalhe interessante. Como não era cientista, Leeuwenhoek não compreendia inteiramente suas descobertas. O hobby dele era colocar alguma coisa nada a ver no microscópio e desenhar o que via. Depois ele mandava essas gravuras para a Royal Society de Londres para que alguém pudesse decifrá-las. Com isso, ele acabou de tornando a pessoa que mais contribuiu com envio de material na história da sociedade, mas do que qualquer cientista “de verdade”. 

Para onde olhamos

O que essas duas histórias incríveis mostram é que onde miramos nosso olhar faz o toda a diferença. O escritor Austin Kleon usa a frase de outra escritora, Amy Rosenthal, para nos alertar sobre esta verdade: “Preste atenção no que você presta atenção”.

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(Imagens: Jeremy Thomas e Michael Longmire no Unsplash)

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