Eu gosto de colecionar, mentalmente, instâncias em que a frase “o inferno são os outros” foram usadas. A ideia do escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre já está quase clichê de tanto que é repetida, coitada. Às vezes ela vem como confirmação: sim, as outras pessoas tornam nossa vida uma desgraça. Outras, ela é aplicada para ser contradita: não, aqueles ao nosso redor fazem nossa existência valer a pena.
Eu sou vira casaca. Acho que o inferno são os outros e o paraíso também. Depende do meu humor. E você, o que acha?
Hoje eu li um parágrafo muito bonito sobre esse tema. Bem no comecinho do livro A Desumanização, o pai da protagonista Halla, diz para ela que os outros são fundamentais. A escrita de valter hugo mãe é maravilhosa e esse trecho é especialmente impactante. Poético e cru.
O personagem diz:
“O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoal implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Parece como uma coisa qualquer”.
Hoje valter hugo mãe me convenceu a ficar no time do paraíso.
Leia também:
6 atitudes que você precisa adotar para ter uma boa conversa
(Foto: David Tovar no Unsplash)
Deixe um comentário