Você que me acompanha por aqui sabe que eu sou a louca dos podcasts. Ouço vários. Hoje, eu quero recomendar esse que, na minha opinião, é o melhor do Brasil no momento: o Praia dos Ossos.

Produzido pela Rádio Novelo, o podcast tem oito episódios e conta a história de Ângela Diniz. Ela foi uma socialite assassinada em 1976, história real. O seu algoz foi o então namorado, Doca Street. Inicialmente, ele foi julgado e recebeu uma pena leve que foi interpretada na época como uma “quase” absolvição. Doca matou Ângela com quatro tiros e confessou o crime. Mesmo assim, era frequentemente descrito na época como uma vítima. Um pobre homem que “enlouqueceu de amor”.

No dia 30 de dezembro de 1976, Ângela Diniz foi assassinada com quatro tiros numa casa na Praia dos Ossos, em Búzios, por seu então namorado Doca Street, réu confesso. Mas, nos três anos que se passaram entre o crime e o julgamento, algo estranho aconteceu. Doca tornou-se a vítima.

O podcast Praia dos Ossos tem esse nome porque foi nessa localidade que o assassinato aconteceu. Os episódios contam a história do ocorrido e, por meio de entrevistas e pesquisas, tenta explicar como o feminicídio acabou virando uma análise do caráter da vítima e uma defesa do “pobre homem ludibriado”. 

Produzido pela Rádio Novelo, a mesma que faz o Foro de Teresina, Praia dos Ossos tem episódios novos aos sábados e está na semana 6. Estou até com pena que só faltam mais dois para acabar. O segundo capítulo da história narra o julgamento de Doca Street. Quem assistiu à série Coisa Mais Linda e ficou perplexa com as cenas do tribunal na segunda temporada, vai achar familiar. Os argumentos do advogada de defesa de Doca Street são de revirar o estômago. 

Ainda assim, o episódio mais recente, o seis, acabou sendo o mais difícil de ouvir até agora. Não vou falar porque para não dar spoiler. Só posso contar que ao terminar, fiquei estatelada, olhando para o vazio com uma mistura de raiva, tristeza e agonia. 

Praia dos Ossos é um trabalho fantástico de jornalismo, pesquisa, edição e storytelling.

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(Foto: Jonathan Velasquez no Unsplash)

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