Uma única explicação nunca abarca toda a realidade. Para mim, essa foi a principal lição que aprendi com o documentário Get Back, sobre as gravações do que viria a ser o último álbum dos Beatles.

A versão de que Yoko Ono separou a banda é a mais manjada e errada de todas. (Para não dizer também sexista e racista). Outras simplificações estão disponíveis como “era briga de egos”, “eles estavam ali só pelo contrato”, ou “o verdadeiro vilão foi X, Y ou Z”.

Nas gravações, achei bem claro como nenhuma explicação única fechava a questão. Há momentos de briga, mas a momentos de amizade. Todos os quatro falam ou fazem coisas chatas, mas também coisas legais. Todas as esposas/namoradas aparecem e nenhuma parece ser o estopim de nada. Aliás, não há estopim, estardalhaço, nenhum momento chave.

Há conversa, entendimento, desentendimento, amor, chateação, vontades e desinteresses. Quando calha deles estarem em sintônia, parece mágica. As músicas fluem e o talento deles fica evidente. Quando não calha, fica fácil perceber como os quatro estavam em momentos de vida diferentes, querendo trilhar outros caminhos.

Fiz várias anotações sobre a forma como eles se comunicam e não consegui achar uma só coisa que explicasse tudo. Nunca é assim, não é? Os quatro de Liverpool assim como os outros 7 bilhões da Terra são pessoas completas e complexas. Nem a história deles, nem a de ninguém, se explica com clichê.

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