“Você não consegue cancelar seu inimigo”. Essa é a principal ideia que o ótimo episódio do Greg News defendeu no último sábado. O que o programa de comédia quis dizer é bem sério. Ele fala sobre o poder da regulação social e sobre como só poderemos usar esse instrumento para melhorar nosso país se encontrarmos uma forma de sermos um conjunto. A polarização gera estagnação porque enfraquece nossa capacidade de fazer pressão. Acabamos ficando sempre na mesma. Precisamos acabar com a polarização para gerar mudanças positivas.

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Se alguém que você considera muito burro chama você de idiota você toma a fala como um elogio, não é? Você quer mais é que a pessoa não goste de você mesmo. Quanto mais você não tiver nada a ver com ela, melhor! Agora, pensa no contrário. Um amigo querido, alguém que você admira, diz que você cometeu um erro. A sua atitude vai ser diferente, não é? O puxão de orelha vai ter efeito, você vai querer corrigir a situação. Quanto mais próximo você for das pessoas que considera inteligentes e importantes, melhor!

O oposto não tem poder de mudar

Quando estamos polarizados, essa influência positiva desaparece. Eu gosto da música Bad Cinderella em que, depois de descrever as péssimas características dos opositores, a personagem diz “eu tenho orgulho de não ser como vocês” e “espero ter desagradado”. Quem nunca se sentiu assim, né?

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Agora, pensa o contrário de novo. Certamente aqueles a quem nos sentem exatamente o mesmo sobre nós. O que o Greg News explicou muito bem é que o “puxão de orelha” do bem só funciona se as pessoas envolvidas se sentem, minimamente, parte do mesmo grupo. O sentimento de reprimenda social, de correção de comportamento, de impulso para a mudança só vem junto com a ideia de conjunto. O oposto a mim não tem o poder de me mudar.  

Polarização enfraquece acordos sociais

É aí que a polarização entra na história. Ela nos rouba a possibilidade de acordos sociais fortes. No livro Hábitos Atômicos, o autor James Clear, fala quem são as pessoas que costumam influenciar nossas ações. “Nós imitamos os hábitos de três grupos em particular: os mais próximos, a maioria, os mais poderosos. Se todos os seus amigos compartilham uma piada interna ou usam uma expressão nova, você desejará fazer o mesmo para que eles saibam que você está ‘por dentro’. Comportamentos são atraentes quando nos ajudam a nos encaixar”.

Acabar com a polarização não é concordar

A tentação de nos afastarmos do “outro” é forte. No clima político que vivemos hoje, eu fico com agonia só de pensar nos malucos, ops cidadãos, que estão do outro lado. Eu tenho certeza que você sente o mesmo. Não é para ficar amigo nem concordar não. Mas se quisermos mudar a opinião de qualquer grupo, vamos precisar achar algo em comum com eles.  

É necessário ser um pouco o outro para mudar o outro. Precisamos voltar a encontrar uma forma mínima de nos sentirmos parte de um mesmo grupo. Juntos, poderemos incentivar, pressionar, ou até empurrar uns aos outros por caminhos melhores para todos.

O que você acha?

(Foto: Eric Prouzet / Unsplash)

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