Eu costumava pensar que “com certas pessoas não existe nenhuma possibilidade de diálogo”. As idéias do analista político Anand Giridharadas desafiaram essa minha certeza.

Autor do livro Persuaders, ele diz que conversar com “o outro” lado é a própria base da democracia. Assim sendo, abrir mão de falar com qualquer grupo é desistir daquilo que nós defendemos tanto. Em uma entrevista para a jornalista Liz Plank, Giridharadas diz:

“O ponto principal da democracia é escolher o futuro junto com outras pessoas por meio de conversas. Então, se decidirmos que conversar com outras pessoas não funciona, estamos essencialmente pedindo a sermos governados por tiranos e que outros nos imponham sua vontade por meio da violência política. Eu não acho que seja um acidente que estejamos vivendo um aumento da violência política e um aumento de aspirações tirânicas”.

Para ele, o desafio está em encontrar formas de chegar em pessoas que parecem tão distantes de nós. Fácil não é, mas é necessário. Dizer que “não tem como”, “essa galera é doida”, “isso aí já é fanatismo”, pode até não estar longe da verdade, mas pode revelar também uma posição de arrogância ou inabilidade.

Giridharadas não parece rebater o nosso desespero nesse mundo de diálogos tão difícieis. O que ele acha importante é que não percamos de vista o que é realmente importante. Falando mais para políticos e movimentos sociais do que para pessoas comuns, ele provoca a necessidade de se desbravar ou inventar caminhos. Não dá para dizer que o outro lado é ruim e não fazer nada sobre isso. É preciso lutar.

Imagem: João Marcelo Martins / Unsplash

Leia também:

Não converse para vencer

Como não ser arrogante

Você pode mudar de ideia, está tudo bem

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Trending